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  • Foto do escritorAurízio Freitas

Um breve comentário sobre direita versus esquerda no Brasil #artigoblog

Atualizado: 7 de mai. de 2022

Quando anunciado o lançamento do #Rede, Marina Silva causou surpresa ao afirmar que seu novo partido não seria “nem de esquerda nem direita no ideário, nem tampouco de situação ou oposição na prática política”. Essa declaração remeteu imediatamente à fala de Gilberto Kassab, que afirmara algo similar quando da fundação do Partido Social Democrático-PSD, em 2011.

Considere em primeiro lugar que esse “fenômeno” não é algo novo. Em janeiro de 1980, o já senador José Sarney afirmou, durante o processo de formação do Partido Democrático Social-PDS, que “essa definição de esquerda e direita em compartimentos estanques é absolutamente anacrônica”(Jornal de Brasília, edição de 04 de janeiro de 1980). Já o Partido Verde-PV afirma em seu programa partidário, no item 4, que “o PV não se aprisiona na estreita polarização esquerda versus direita”e “situa‐se à frente”. O PV surgiu em 1986 e conseguiu seu registro definitivo em 1993.

Destaco, sem esgotar o assunto, que um dos critérios de definição dos campos políticos de direita e de esquerda é a questão da “igualdade”. Para a esquerda a origem das desigualdades é social, portanto eliminável. Já a direita defende uma desigualdade natural entre as classes, portanto legítima. Segundo Norberto Bobbio, “os dois termos são encarados como programas contrapostos de ideias, interesses e de valorações a respeito da direção a ser seguida pela sociedade (…) de um lado estão aqueles que consideram que os homens são mais iguais que desiguais, de outro os que consideram que são mais desiguais que iguais” (Do livro ‘Direita e Esquerda’, 2001).

No atual cenário político, em meio ao fracasso dos modelos extremos e totalitários do século passado (fascismo e comunismo), as forças políticas tendem a convergir para o centro, especialmente quando se tornam viáveis eleitoralmente ou alcançam o poder.

O fato é que a combinação entre democracia liberal e economia de mercado, fórmula consolidada no mundo ocidental, gerou um verdadeiro “parafuso” na compreensão do que seja direita e esquerda e no posicionamento dos atores políticos. Neste terreno pastoso, já não é mais tão óbvio responder às perguntas: quem é a favor do mercado é de direita ou de esquerda? E quem é a favor da democracia, o que é?

Ressalto, entretanto, que o ato de marcar uma posição política ideológica não é algo superado, nem dispensável. As posições ideológicas afloram em momentos críticos onde opiniões inconciliáveis ficam claras. É o caso da polêmica eleição de Marcos Feliciano(PSC-SP), deputado de opiniões marcadamente racistas e homofóbicas, para a Presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Diante de tal acontecimento, diversas correntes de opinião democráticas, de centro (centro direita e centro-esquerda) e de esquerda mobilizam-se pela sua renúncia.

Em favor de Feliciano, só a extrema-direita que, sabendo da resistência geral a suas teses, tenta enganar e manipular a opinião pública transferindo a discussão para o campo da religiosidade, quando se tratam de questões eminentemente políticas.

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Fonte: Publicado no Blog do Eliomar/Jornal O POVO (CE), em 25/03/2013.

(http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/que-direita-e-que-esquerda-tem-o-brasil/)

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